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Bianca Di Stadio
30 de jul. de 2025, 22:37

Como é a vida depois do transplante de rim?


"Depois da chuva sempre vem o sol." Esse ditado popular define muito bem o sentimento das pessoas que receberam o transplante de órgãos. É como se fosse uma segunda chance, um renascer depois de uma dura fase.


Além dessa sensação boa de renascimento, vale compartilhar uma curiosidade: aqui no Brasil, foram realizados 5.205 transplantes de órgãos só em 2025, dos quais 3.479 foram de rim, um número bastante elevado em comparação aos outros órgãos. Informação obtida por meio do Ministério da Saúde, SNT - Sistema Nacional de Transplantes. Os dados são atualizados diariamente e podem ser consultados no link: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/snt. Esse número inclui tanto doações de pessoas falecidas quanto de doadores vivos. (E sim, é possível doar um rim em vida e levar uma vida saudável com apenas um rim).


Mas como é a vida depois disso, tanto para quem doa como para quem recebe?


Para aquele que recebe o rim, é necessário fazer terapias imunossupressoras (o que significa tomar medicamentos para evitar a rejeição do novo órgão). Além disso, é preciso fazer visitas frequentes ao médico para verificar se está tudo certo com o transplante.


Já o doador, também precisa de atenção no pós-operatório: deve ficar de repouso, as atividades físicas devem ser leves nos primeiros meses, manter hábitos saudáveis por toda a vida e acompanhamento ao menos uma vez por ano com a equipe cirúrgica.


Agora, para colocar um sorriso em seu rosto, vamos compartilhar o relato de uma pessoa que recebeu o transplante de rim. Fizemos algumas perguntas e ela gentilmente dividiu conosco sua experiência.


Bianca (redatora do Instituto Deixe Vivo): quais sentimentos você tinha antes do transplante?


Chayene (ex-voluntária do Instituto Deixe Vivo): eu descobri a doença renal através de exames com hematologista, pois não melhorava de uma anemia descoberta. Sempre fui bastante otimista, mas, quando fui percebendo que a doença ia piorando (é uma doença progressiva), fiquei mais preocupada. Afinal, o cansaço chega. Passei 7 anos no tratamento conservador.  Quando chegou o momento da diálise, chorei no consultório, mas queria ser forte em casa para não preocupar meus pais com esse momento que ia viver. Colocar o cateter, voltar ao centro cirúrgico por ele não funcionar na primeira vez, ter que me ausentar do trabalho... Sempre um turbilhão de emoções. A diálise precisava ser uma boa amiga (e sempre foi, pois ela era a máquina que mantinha a filtração dos meus rins). E, falando em amizade, a sala de diálise acabou sendo um ambiente para conhecer pessoas e dividir esse momento. Mas eu tinha um desejo forte de transplantar. Eu tinha familiares compatíveis e fiz diálise por 5 meses (já cheguei lá no processo de exames e preparativos para esse momento).


Bianca (redatora do Instituto Deixe Vivo): como era a sua rotina de cuidados antes do transplante?


Chayene (ex-voluntária do Instituto Deixe Vivo): eu era extremamente rigorosa comigo. Passei por uma nutricionista para entender como poderia ser minha rotina alimentar diante da doença. E, sempre que os exames mostravam alguma alteração, lá estava eu para um ajuste na dieta. Nunca perdi o entusiasmo e gostava de sair, me divertir, mesmo enquanto estava no processo da diálise. No começo, deixar de trabalhar me impactou, mas depois compreendi que era importante para aquele momento. A psicóloga do meu trabalho me visitava com frequência. Eu tinha uma mente tranquila e focada no tratamento. Transplantei. Então, os cuidados nos primeiros meses foram essenciais. Eu seguia certinho as orientações dos profissionais que me acompanhavam. Tive um pós transplante muito tranquilo. Voltei ao trabalho com 9 meses, cheia de restrições, mas feliz.


Bianca (redatora do Instituto Deixe Vivo): e hoje, como você se sente? Muita coisa mudou?


Chayene (ex-voluntária do Instituto Deixe Vivo): hoje, com quase 14 anos transplantada, me sinto feliz. Tomo meus medicamentos conforme alinhado pelo nefrologista, trabalho, saio para me divertir, tenho uma rotina "normal". A rotina muda, da diálise para o pós transplante. Eu me sinto mais animada, disposta e cheia de vida.


Com esse lindo relato, percebemos que a doação de órgãos é ajudar alguém a ter uma segunda chance. É você doar um pedacinho de você para permitir que a outra pessoa viva. Sabe os super-heróis? Ser doador de órgãos é ser um deles na vida real. É salvar vidas de verdade!


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