avatar
Vitor Gabriel Rodrigues
29 de out. de 2025, 13:32

Gordura no fígado: perigos, causas e cuidados


A esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado, é uma condição que vem ganhando destaque nos últimos anos devido ao seu crescimento silencioso entre a população. O problema ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado, ultrapassando o limite de 5% do peso total do órgão. Embora possa parecer inofensiva no início, a doença pode evoluir para quadros graves e irreversíveis se não for tratada adequadamente.


A esteatose hepática é popularmente associada ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, mas o álcool nem sempre é o principal responsável pelo problema. Existem dois tipos da doença: a esteatose hepática alcoólica, provocada pelo uso frequente e abusivo de álcool, que sobrecarrega o fígado; e a esteatose hepática não alcoólica (EHNA), a forma mais comum, ligada à obesidade, diabetes tipo 2, colesterol alto, resistência à insulina e má alimentação.


Em ambos os casos, a condição está fortemente relacionada ao estilo de vida moderno, caracterizado por dietas desequilibradas, sedentarismo e, muitas vezes, pelo consumo elevado de alimentos ultraprocessados. Entre eles, estão refrigerantes, embutidos (como presunto, salsicha e linguiça), fast foods, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, salgadinhos e produtos congelados prontos, todos ricos em açúcares, gorduras saturadas e aditivos químicos que sobrecarregam o fígado e favorecem o acúmulo de gordura.


No entanto, a esteatose hepática não se restringe apenas a pessoas com sobrepeso ou hábitos de vida pouco saudáveis. Ela também pode surgir em indivíduos com peso normal e rotina equilibrada, especialmente quando fatores como uso prolongado de corticoides, tamoxifeno ou amiodarona, alterações hormonais, predisposição genética ou variações rápidas de peso contribuem para o acúmulo de gordura no fígado, mesmo na ausência de outros sinais de risco.


Um dos principais perigos da esteatose hepática é o fato de ser assintomática nas fases iniciais. Muitas pessoas convivem com a doença sem perceber, descobrindo o problema apenas por meio de exames de rotina, como ultrassonografia abdominal ou dosagem de enzimas hepáticas. Quando os sintomas aparecem, podem incluir fadiga, desconforto abdominal, sensação de peso no lado direito do abdômen e aumento do fígado.


Sem o devido cuidado, a esteatose hepática pode evoluir para esteato-hepatite, fase em que há inflamação do fígado. A partir daí, o quadro pode progredir para fibrose, cirrose e até câncer hepático. Além disso, estudos do Jornal de Hepatologia da Associação Europeia para o Estudo do Fígado indicam que pessoas com gordura no fígado têm maior risco de doenças cardiovasculares, já que a condição está intimamente ligada a distúrbios metabólicos.


Diagnóstico, tratamento e prevenção


O diagnóstico da esteatose hepática costuma ser feito por meio de exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que permitem identificar o acúmulo de gordura no fígado. Para confirmar o quadro e avaliar a gravidade, o médico pode solicitar exames laboratoriais que analisam a função hepática. Em situações específicas, também pode ser indicada uma biópsia do fígado, exame que ajuda a determinar o grau de inflamação e de fibrose presente no órgão.


O tratamento está diretamente relacionado à mudança de hábitos. Embora não exista um medicamento específico para eliminar a gordura do fígado, ações simples e consistentes são capazes de reverter o quadro, principalmente nas fases iniciais da doença. O primeiro passo é adotar uma alimentação equilibrada, com foco em frutas, legumes, verduras, proteínas magras e gorduras boas, como as encontradas no azeite e nas oleaginosas. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, açúcar e frituras também é fundamental.


A prática regular de atividade física exerce papel essencial nesse processo, pois ajuda a diminuir a gordura corporal, controlar o peso e melhorar a sensibilidade à insulina. Além disso, é importante manter o colesterol e a glicose dentro dos níveis adequados, sempre com acompanhamento médico. Outro ponto crucial é evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o uso de medicamentos sem orientação profissional, já que ambos podem agravar a sobrecarga do fígado.


Entretanto, assim como em outras doenças crônicas, a prevenção é a melhor estratégia. Manter uma rotina saudável, com alimentação balanceada, exercícios regulares e exames periódicos, é a forma mais eficaz de proteger o fígado e garantir uma boa qualidade de vida. Cuidar desse órgão é, acima de tudo, cuidar do equilíbrio de todo o corpo, já que ele é peça central no metabolismo humano.