Novembro Azul: saúde masculina em todas as fases da vida

Durante o mês de novembro acontece a campanha Novembro Azul, que tem como objetivo a conscientização sobre o câncer de próstata. A iniciativa busca incentivar as pessoas com próstata a realizarem exames preventivos, visando o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.

Como estratégia complementar, em outubro de 2023 foi sancionada a campanha Novembrinho Azul, voltada para meninos de até 15 anos, com foco na prevenção de doenças relacionadas à saúde sexual e reprodutiva. A iniciativa reforça a importância de investigar quadros de dor ou aumento de tamanho nos testículos, estimular a vacinação contra o HPV e promover o diagnóstico e tratamento precoces de condições que sejam fatores de risco futuros.

Mas qual a importância dessas campanhas?

O número crescente de casos e a baixa adesão aos exames preventivos reforçam a urgência desse tema. Em 2023, aproximadamente 70 mil novos casos de câncer de próstata foram diagnosticados no Brasil. No entanto, uma pesquisa do Hospital A.C. Camargo mostra que 30% dos homens acima de 16 anos nunca realizaram (e não têm intenção de realizar) o exame de toque retal. A resistência aos exames gera preocupação, especialmente considerando que, apenas em 2023, o câncer de próstata levou a óbito cerca de 47 pessoas por dia.

O que é o câncer de próstata e como detectá-lo?

O câncer de próstata é um tumor que atinge a próstata, uma glândula pequena que envolve a porção inicial da uretra, canal pelo qual a urina é eliminada. A próstata fica na parte baixa do abdômen e também é responsável pela produção de uma parte sêmen, que nutre e protege os espermatozóides. Entre os principais fatores de risco estão estilo de vida, hábitos alimentares, sobrepeso, obesidade, histórico familiar e idade (estima-se que 75% dos casos no mundo ocorram a partir dos 65 anos).

Nos estágios iniciais, a doença pode ser silenciosa ou apresentar sintomas leves, como dificuldade para urinar, vontade de urinar mais vezes ao dia ou diminuição do jato urinário. Em fases avançadas, pode causar dor óssea, insuficiência renal ou até infecção generalizada.

A detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura e pode ser realizada por meio do exame de toque retal (que avalia possíveis alterações nas características físicas da próstata) ou exame PSA (exame de sangue que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata da qual, caso constatada alteração, pode indicar uma doença da próstata). 

Desinformação e tabus

Muitos homens ainda evitam buscar atendimento médico por medo, desinformação ou preconceito. Um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo revela que 70% dos homens só procuraram atendimento por influência da família, e mais da metade deles já estavam em estágios avançados da doença. O tabu em torno do câncer de próstata está relacionado principalmente ao medo e ao preconceito em relação ao exame de toque retal, e à ideia de que o tratamento pode causar impotência sexual. A resistência, muitas vezes associada ao machismo, impede o diagnóstico precoce e afasta ainda mais os homens da prevenção. No entanto, os avanços médicos têm reduzido significativamente os impactos colaterais e aumentado as taxas de cura.

Conscientização e ação

Romper barreiras culturais e promover o diálogo é fundamental para mudar esse cenário. O Brasil é o único país da América Latina com uma política de saúde voltada especificamente à população masculina (a PNAISH - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem), que tem como objetivo promover melhores condições de saúde para esse público, contribuindo para a redução nas taxas de morbidade e mortalidade. O combate a doenças prevalentes na população masculina (como o Câncer de Próstata), é um dos eixos de atuação da PNAISH.

Conscientizar é o primeiro passo para salvar vidas. A campanha Novembro Azul, junto ao Novembrinho Azul, reforça que a saúde do homem precisa ser tratada como prioridade em todas as fases da vida. O diagnóstico precoce do câncer de próstata aumenta significativamente as chances de cura, e a prevenção desde a infância, por meio da vacinação e do acompanhamento médico, é a melhor forma de reduzir futuros casos. Cuidar da saúde não é sinal de fraqueza, mas de responsabilidade com a própria vida e com quem se ama.