Relação entre diabetes e rins: saiba como a doença pode afetar sua saúde renal
Os rins desempenham um papel essencial na manutenção da saúde e do equilíbrio do corpo. Responsáveis por filtrar o sangue, eliminar toxinas, regular a pressão arterial, equilibrar os níveis de líquidos e sais minerais, além de produzir hormônios importantes, esses órgãos trabalham silenciosamente, todos os dias, para garantir o bom funcionamento do organismo. Quando a saúde destes órgãos é comprometida, diversas funções vitais são afetadas, podendo levar a complicações sérias, como a insuficiência renal.
Entre os fatores de risco mais relevantes está o diabetes mellitus, especialmente quando não é bem controlado. O excesso de glicose no sangue danifica, com o tempo, os pequenos vasos sanguíneos dos rins, responsáveis pela filtragem do sangue, comprometendo sua capacidade de limpeza. Essa condição é conhecida como nefropatia diabética, uma das principais causas de insuficiência renal no mundo.
De acordo com o Jornal Brasileiro de Nefrologia, em torno de 20 a 30% das pessoas com diabetes desenvolvem nefropatia diabética ao longo da doença. Embora nem todos evoluam para insuficiência renal, os pacientes com diabetes tipo 2 representam cerca de metade dos casos em diálise, devido à maior prevalência dessa forma da doença.
Sem tratamento adequado, aproximadamente 80% dos diabéticos tipo 1 com alterações iniciais nos rins podem desenvolver essa condição em até 10 anos. Já entre os diabéticos tipo 2, 20 a 40% apresentam formas clínicas da doença, e aproximadamente 20% desses podem evoluir para insuficiência renal terminal.
A nefropatia diabética é uma complicação comum. Embora, muitas vezes, se desenvolva de forma silenciosa, trata-se de um quadro grave, que pode levar à perda progressiva da função renal e, nos estágios mais avançados, à insuficiência renal terminal – momento em que os rins deixam de funcionar completamente, tornando necessário o uso de terapias substitutivas como a diálise ou até mesmo o transplante.
Os sinais de que os rins estão sendo afetados podem ser discretos no início, mas não devem ser ignorados. Inchaço nos pés e tornozelos, aumento da pressão arterial e a presença de proteínas na urina são alguns dos primeiros indícios. Assim como uma torneira que pinga lentamente até encher o balde, a doença se instala de maneira sutil, mas, com o tempo, pode causar danos significativos.
Como prevenir (ou controlar)?
Apesar dos riscos, é possível prevenir ou retardar o avanço da nefropatia diabética com hábitos saudáveis e acompanhamento adequado. O primeiro e mais importante passo é manter a glicemia sob controle. Isso significa adotar uma alimentação balanceada, evitando o consumo excessivo de açúcares simples, alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas, além de manter horários regulares para as refeições. Também é essencial controlar o estresse, manter o peso adequado, evitar o tabagismo e dormir bem, pois esses fatores influenciam diretamente no controle da glicose e na saúde cardiovascular, que impactam os rins.
Outro ponto fundamental é a prática regular de atividade física. Conforme a Associação Americana de Diabetes, o exercício físico é uma das estratégias mais eficazes na prevenção e no tratamento do diabetes. Atividades como caminhadas, natação ou musculação ajudam a reduzir a glicemia, aumentam a sensibilidade à insulina e favorecem o controle da pressão arterial – outro fator decisivo na saúde renal.
Além disso, é imprescindível seguir corretamente as orientações médicas quanto ao uso de medicamentos, fazer monitoramento frequente da glicemia, evitar o uso abusivo de anti-inflamatórios e realizar exames laboratoriais periódicos, como a dosagem de creatinina e a análise de microalbuminúria (proteína na urina).
Por fim, entender a relação entre o diabetes e a saúde dos rins é um passo importante, tanto para quem convive com a doença quanto para quem deseja preveni-la. Com acompanhamento médico, disciplina no tratamento e mudanças no estilo de vida, é possível viver bem, preservar os rins e manter o organismo em equilíbrio. Afinal, cuidar dos rins é também cuidar da vida.